É obrigatório rezar na mesquita?

Pergunta: 8918

Sou um novo muçulmano e quero saber se é melhor para o muçulmano oferecer as orações obrigatórias na mesquita, e qual é a evidência para isso?

Resumo da resposta

A visão mais sólida é que a oração em congregação na mesquita é obrigatória e indicada pelas evidências Shar’i detalhadas abaixo.

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Resposta

Louvamos a Allah por guiá-lo para a religião do Islam. Esta é uma grande bênção pela qual Allah deve ser louvado e agradecido.

A oração é o maior dos pilares do Islam

O muçulmano tem que entender que a oração é o maior dos pilares do Islam, e que é a coisa que distingue um muçulmano de um não muçulmano, como diz o hadith de Jabir (que Allah esteja satisfeito com ele) que disse: Ouvi o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) dizer: “Entre um homem e o shirk e kufr está o abandono da oração.” (Narrado por Muslim, 82)

É obrigatório rezar em congregação na mesquita?

Os juristas (que Allah tenha misericórdia deles) divergiram quanto à regra sobre orações congregacionais. Há uma série de opiniões, a mais sólida delas é que a oração em congregação na mesquita é obrigatória e isso é o que é indicado pela evidência Shar’i.

Esta é a visão de ‘Ata ibn Abi Rabah, al-Hassan al-Basri, al-Awza’i e Abi Thawr, e do Imam Ahmad, como aparece em algumas de suas declarações. Isso também foi afirmado por ash-Shafi’i em Mukhtasar al-Muzni, onde ele disse: “Com relação à oração em congregação, não abro uma concessão a ninguém para não a fazer, exceto aquele que tem uma razão.” Esta também era a visão defendida por Shaikh Ibn Baaz e Shaikh Ibn ‘Uthaimin (que Allah tenha misericórdia de ambos).

Evidência para a obrigação de rezar em congregação na mesquita

Com relação à evidência de que é obrigatório, isto é tal como segue:

Allah diz (interpretação do significado):

  • “E, quando estiveres, Muhammad, com eles, e lhes celebrares a oração, que uma facção deles ore contigo e tome suas armas; então, ao terminar a prosternação, que a outra facção esteja atrás de vós. E que esta outra facção, que não orou, venha e ore, contigo...” [al-Nissa 4:102]

Ibn al-Mundhir disse:

“O fato de Allah nos ter ordenado estabelecer a oração em congregação, mesmo em momentos de medo, indica que a oferecer em momentos de segurança é ainda mais obrigatório.” (Al-Awsat, 4/135)

Ibn al-Qayyim disse:

“Existem várias maneiras pelas quais este versículo pode ser considerado evidência:

Em primeiro lugar, Allah ordena que se reze em congregação, então Ele repete o comando com relação ao segundo grupo, dizendo “E que esta outra facção, que não orou, venha e ore, contigo”. Isso indica que rezar em congregação é obrigatório individualmente, pois Allah não desculpou o segundo grupo porque o primeiro grupo havia feito. Se rezar em congregação fosse Sunnah, a melhor desculpa para não o fazer seria a desculpa do medo. Se fosse fard kifayah (uma obrigação comunitária), não seria mais obrigatório depois que o primeiro grupo tivesse rezado. Então, este versículo prova que é obrigatório para todo e qualquer indivíduo. Estas são as três maneiras pelas quais este versículo prova que é obrigatório: Allah ordena uma vez, então Ele ordena novamente, e Ele não lhes dá uma concessão para não o fazer em momentos de medo.” (Al-Salah wa Hukm Tarikiha, págs. 137, 138)

  • Allah diz (interpretação do significado):

“E cumpri a oração e concedei az-zakah, e curvai-vos com os que se curvam.” [al-Baqarah 2:43]

A maneira pela qual este versículo pode ser tomado como evidência é que aqui Allah ordenou que eles se curvassem, o que se refere à oração. A oração é descrita como ruku’ (curvatura) aqui porque curvar-se é um dos pilares ou partes essenciais da oração, e a oração é algumas vezes referida por seus pilares e componentes obrigatórios, como Allah determina isso: sujud (prostração), Alcorão e Tasbih (glorificação de Allah). E a frase “com Ar-Raki’un (com os que se curvam)” não pode significar nada além de fazê-lo com uma congregação de adoradores. É isso que a conjunção ma’a (com) significa. Uma vez que isso é compreendido, se um comando menciona uma maneira ou situação particular, então aquele que é ordenado a fazê-lo não pode obedecer ao comando corretamente a menos que o faça da maneira ou situação mencionada. Alguns podem argumentar que Allah diz (interpretação do significado):

“Ó Maria! Sê devota a teu Senhor e prosterna-te e curva-te com os que se curvam.” [Al ‘Imran 3:43]

Mas, isto não significa que as mulheres tenham que comparecer às orações em congregação. Foi dito que este versículo não implica que isso seja imposto a todas as mulheres, mas era algo que se aplicava apenas a Mariam, diferente das palavras “E cumpri a oração e concedei az-zakah, e curvai-vos com os que se curvam.” [al-Baqarah 2:43]

Mariam foi um caso único, diferente de outras mulheres, porque sua mãe havia jurado que ela seria sagrada para Allah e devotada à Sua adoração; ela ficaria no local de adoração e não o deixaria. Assim, ela foi ordenada a se curvar com as pessoas no local de adoração. Quando Allah a escolheu, purificou-a e a elevou acima de todas as mulheres do mundo, Ele ordenou que ela O obedecesse de maneiras que eram únicas para ela e não se aplicavam a outras mulheres. Allah diz (interpretação do significado):

“E lembra-lhes, Muhammad, de quando os anjos disseram: “O Maria! Por certo, Allah te escolheu e te purificou, e te escolheu sobre as mulheres dos mundos. Ó Maria! Sê devota a teu Senhor e prosterna-te e curva-te com os que se curvam.” [Al ‘Imran 3:42-43]

Alguns dizem que o fato de que foram ordenados a se curvar com aqueles que se curvam não indica que é obrigatório se curvar com eles no momento em que estão se curvando, mas sim que se deve fazer como eles fazem, como no versículo (interpretação do significado):

“Ó vós que credes! Temei a Allah e permanecei com os verídicos (em palavras e ações).” [al-Tawbah 9:119]

Eles argumentam ainda que a conjunção ma’a (com) significa fazer o mesmo que os outros fazem, mas não significa necessariamente fazer ao mesmo tempo. A resposta é que em árabe, a palavra ma’a significa mais do que fazer o mesmo que outra pessoa, em vez disso, significa fazê-lo com eles, especialmente no caso da oração. Se alguém diz “Vá e reze com a congregação” ou “Eu rezei com a congregação”, a única interpretação pode ser que ele foi e se juntou às pessoas e rezou junto com elas.” (As-Salah wa Hukm Tarikiha, 139-141)

  • Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele) narrou que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Por Aquele em Cuja Mão está minha alma, eu estava pensando em ordenar que lenha fosse recolhida, então eu teria ordenado que o chamado para a oração fosse dado, e diria a um homem para liderar o povo na oração, então teria ido sorrateiramente e queimado as casas dos homens que não compareceram à oração (congregacional). Por Aquele em Cuja Mão está minha alma, se qualquer um deles soubesse que obteria um osso coberto com boa carne ou dois pés de ovelha com carne neles, teria aparecido para a oração do ‘Isha.” (Narrado por al-Bukhari, 618; Muslim, 651)

Abu Hurairah narrou que o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “As orações mais pesadas para os hipócritas são ‘Isha e Fajr. Se eles soubessem o que há nelas (recompensa), eles viriam até mesmo que tivessem que rastejar. Eu considerei ordenar que o chamado para a oração fosse dado, então eu diria a um homem para liderar as pessoas na oração, e sairia com homens carregando fardos de lenha para as pessoas que não vêm às orações, então, queimaria suas casas pondo fogo ao redor delas.” (Narrado por al-Bukhari, 626; Muslim, 651)

Ibn al-Mundhir disse:

“O fato de que ele estava pensando em queimar as casas das pessoas que não compareceram às orações é a indicação mais clara de que é obrigatório rezar em congregação, porque não teria sido permitido ao Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) queimar as casas daqueles que não foram se a oração em congregação fosse apenas algo bom, mas não obrigatório.” (Al-Awsat, 4/134)

Al-San’ani disse:

“Este hadith indica que a oração em congregação é uma obrigação individual, não comunitária, porque se fosse uma obrigação comunitária e alguns a tivessem feito, por que outros teriam merecido a punição? Não há punição, exceto para aquele que negligencia um dever obrigatório ou faz algo que é haram.” (Subul as-Salam, 2/18, 19)

  • Abu Hurairah disse: Um homem cego [Ibn Umm Maktum] veio até o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e disse: “Ó Mensageiro de Allah, não tenho ninguém para me levar à mesquita”, e ele pediu ao Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) que lhe abrisse uma concessão permitindo-lhe rezar em sua casa, e ele permitiu isso. Mas, quando ele se virou, o Profeta perguntou: “Tu podes ouvir o chamado para a oração?” Ele respondeu: “Sim”. Ele disse: “Então, atende”. De acordo com uma versão narrada por Abu Dawud (552) e Ibn Majah (792), ele disse: “Não acho que haja qualquer concessão para ti”.

Al-Nawawi disse sobre este hadith: “Sua cadeia de transmissão é sólida ou boa”. (Al-Majmu’, 4/164)

Ibn al-Mundhir disse:

“Se não há concessão para um cego, então é mais apropriado que não haja concessão para alguém que enxerga.” (Al-Awsat, 4/134)

Ibn Qudamah disse:

“Se não há concessão para um cego que não tinha ninguém para guiá-lo, é mais apropriado que não haja concessão para outros.”

Al-Mughni, 2/3

  • Ibn Mas’ud (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: Quem quiser encontrar Allah amanhã como muçulmano, que faça regularmente essas orações quando o chamado para elas for dado, pois elas estão entre os caminhos da orientação. Allah prescreveu para o seu Profeta caminhos de orientação, e se vocês rezarem em suas casas, como aquele que se afasta das orações reza em sua casa, então vocês terão abandonado o caminho do seu Profeta, e se vocês abandonarem o caminho do seu Profeta, vocês se desviarão. Não há homem que se purifique e faça isso adequadamente, então vai a uma das mesquitas, sem que, para cada passo que ele dá, Allah registre para ele uma boa ação e o eleve um grau em status, e ainda, apague para ele uma má ação. Eu nos vi (na época do Profeta, que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e ninguém abandonou essas orações, exceto um hipócrita que era conhecido por sua hipocrisia. Um homem viria, mesmo que apoiado por dois outros para que pudesse ficar na fila.

De acordo com outra versão, ele disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) nos ensinou os caminhos da orientação e nos disse que um dos caminhos da orientação é rezar na mesquita quando o chamado para a oração é dado. (Narrado por Muslim, 654)

Ibn al-Qayyim disse:

“O que podemos concluir disso é que ele descreveu o abandono das orações como um dos sinais dos hipócritas que são conhecidos por sua hipocrisia. Os sinais de hipocrisia não são omitir ações mustahabb ou fazer coisas makruh. Quem busca aprender os sinais da hipocrisia de acordo com a Sunnah perceberá que engloba omitir ações obrigatórias ou fazer coisas haram. Isso é apoiado pelo fato de que ele disse: “Quem quiser encontrar Allah amanhã como muçulmano, que faça regularmente essas orações quando o chamado para elas for dado”. E ele descreveu aquele que fica longe e oferece as orações em casa como sendo alguém que abandonou a Sunnah que é o caminho do Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e as leis que ele prescreveu para sua ummah. O que se quer dizer não é a Sunnah que aqueles que desejam podem fazer e aqueles que não desejam podem se isentar, porque esta omissão não é desorientação ou sinal de hipocrisia – como não rezar Duha e qiyam al-lail, ou não jejuar às segundas e quintas-feiras.” (As-Salah wa Hukm Tarikiha, pág. 146, 147)

  • O consenso dos Companheiros

Ibn al-Qayyim disse:

“Houve consenso entre os Companheiros e citaremos o que eles disseram:

Mencionamos as palavras de Ibn Mas’ud acima: ‘Eu nos vi (na época do Profeta, que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e ninguém se ausentou dessas orações, exceto um hipócrita que era conhecido por sua hipocrisia.’

Também foi narrado que Ibn Mas’ud (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: ‘Quem ouve o muadhdhin e não atende sem razão, sua oração não é válida.’

Abu Mussa al-Ash’ari disse: ‘Quem ouve o muadhdhin e não atende sem razão, sua oração não é válida.’

‘Ali disse: ‘Não há oração para um vizinho da mesquita, exceto na mesquita.’Foi dito: ‘Quem é o vizinho da mesquita?’ Ele disse: ‘Quem pode ouvir o muadhdhin.’

Al-Hassan ibn ‘Ali (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: ‘Quem ouve o chamado para a oração e não vem, sua oração não vai além de sua cabeça, exceto para aquele que tem uma desculpa.’

‘Ali (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: ‘Quem dentre os vizinhos da mesquita ouve o chamado para a oração, está com boa saúde e não tem nenhuma desculpa, sua oração não é válida.’” (As-Salah wa Hukm Tarikiha, pág. 153)

Há muitas evidências, mas o que citamos acima é suficiente. Você pode consultar o livro de Ibn al-Qayyim, as-Salah wa Hukm Tarikiha (Oração e a regra sobre aquele que a abandona), que tem muito mais informações. Shaikh Ibn Baaz escreveu um ensaio útil intitulado Wujub Ada as-Salah fi Jama’ah (A obrigação de oferecer orações em congregação).

Para mais, consulte esta categoria: Oração Congregacional

E Allah sabe mais.

Referência

Fonte

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