Quinta-feira 18 Ramadan 1445 - 28 Março 2024
Portuguese

Qadianiyyah à luz do Islam

Pergunta

Exorto-vos a responder às perguntas que eu já apresentei ou a responder à que segue, pois o problema há meses tem causado somente problemas na minha comunidade. Mesmo que eu tivesse o apoio de uma fatwa, não ajudaria, pois esta comunidade local não respeita os ulama (sábios), mas, pelo menos, saberia que não estou errando.
Eu sei que vocês não podem responder a todas as perguntas, mas certamente algo tão importante como isto não pode ser ignorado. É Ramadan e eu espero pela vossa resposta.
1. Se alguém não é um qadiani, mas sabe que eles acreditam em um falso profeta e aceitam os qadianis como um madhab no Islam, eles estão fora do Islam? Eu acredito que eles estão fora do Islam, e eu estou agindo baseado nesta crença em minha conduta em relação a essas pessoas.

Texto da resposta

Todos os louvores são para Allah.

Definição: 

Qadianiyyah é um movimento que começou em 1900 dC como uma trama dos colonialistas britânicos no subcontinente indiano, com o objetivo de desviar os muçulmanos de sua religião e da obrigação de jihad em particular, de modo que não se oporiam ao colonialismo em nome do Islam. O porta-voz deste movimento foi a revista Majallat Al-Adyan (Revista das Religiões), que foi publicada em inglês. 

Fundação e personalidades proeminentes: 

Mirza Ghulam Ahmad al-Qadiani (1839-1908 dC) foi a principal ferramenta por meio da qual a Qadianiyyah foi fundada. Ele nasceu na aldeia de Qadian, em Punjab, na Índia, em 1839 dC. Ele veio de uma família bem conhecida por ter traído sua religião e país, portanto Ghulam Ahmad cresceu leal e obediente aos colonialistas em todos os sentidos. Dessa forma, ele foi escolhido para o papel de um assim chamado profeta, de modo que os muçulmanos se reuniriam em torno dele e ele os distrairia quanto a estabelecer o jihad contra os colonialistas ingleses. O governo britânico os favoreceu muito, então eles eram leais aos ingleses. Ghulam Ahmad era conhecido entre os seus seguidores por ser instável, com muitos problemas de saúde e dependente de drogas. 

Entre aqueles que o confrontaram e à sua da'wah má está o Shaikh Abu'l-Wafa’ Thana' al-Amritsari, o líder do Jama'iyyat Ahl al-Hadith fi 'Umum al-Hind (Sociedade de Ahl al-Hadith de Toda a Índia). O Shaikh debateu com ele e refutou os seus argumentos, revelando suas segundas intenções, o Kufr e o desvio de seu caminho. Como Ghulam Ahmad não recobrou seus sentidos, Shaikh Abu'l-Wafa' desafiou-o a vir e invocar a maldição de Allah, de tal forma que a pessoa que estava mentindo morreria durante o tempo de vida daquele que estivesse dizendo a verdade. Apenas alguns dias se passaram e Mirza Ghulam Ahmad al-Qadiani morreu, em 1908 dC, deixando para trás mais de cinquenta livros, panfletos e artigos, entre os mais importantes dos quais são: Izaalat al-Awhaam (Dissipando ilusões), I'jaaz Ahmadi (Milagres Ahmadis), Baraahin Ahmadiyyah (Provas Ahmadis), Anwaar al-Islam (Luzes do Islam), I'jaaz al-Masih (Milagres do Messias), al-Tabligh (Transmitindo (a mensagem)) e Tajalliyyaat Ilaahiyyah (Manifestações Divinas). 

Nur al-Din (Nuruddin): o primeiro Khalifah dos qadianis. Os britânicos colocaram a coroa do Khilafah na sua cabeça, e assim os discípulos (de Ghulam Ahmad) seguiram-no. Dentre seus livros está: Fasl al-Khitaab (Declaração Definitiva). 

Muhammad Ali e Khojah Kamaal al-Din: os dois líderes dos qadianis de Lahore. Foram os que deram forma final ao movimento. O primeiro produziu uma tradução distorcida do Alcorão em Inglês. Seus outros trabalhos incluem: Haqiqat al-Ikhtilaaf (A realidade das diferenças), al-Nubuwwah fi'l-Islam (Missão Profética no Islam) e al-Din al-Islami (A religião islâmica). Quanto a Khojah Kamaal al-Din, este escreveu um livro chamado al-Mithal al-A'laa fi'l-Anbiya' (O exemplo mais elevado dos Profetas), e outros livros. Este grupo de Ahmadis de Lahore é aquele que vê Ghulam Ahmad como um Mujaddid (renovador do Islam) somente, mas ambos os grupos são tomados como um único movimento porque as ideias estranhas que não são encontradas em um, certamente serão encontradas no outro. 

Muhammad Ali: o líder dos qadianis de Lahore. Foi um daqueles que deu a forma final para a Qadianiyyah, um espião colonialista e a pessoa responsável pela revista, que era a voz da Qadianiyyah. Ele também produziu uma tradução distorcida do Alcorão em Inglês. Entre suas obras estão Haqiqat al-Ikhtilaaf (A realidade das diferenças), e al-Nubuwwah fi'l-Islam (Missão Profética no Islam), como indicado acima. 

Muhammad Sadiq: o mufti da Qadianiyyah. Seus trabalhos incluem: Khatimal-Nabiyyin (O selo dos Profetas). 

Bashir Ahmad ibn Ghulam. Seus trabalhos incluem: Sirat al-Mahdi (a vida do Mahdi) e Kalimat al-Fasl (palavra decisiva). 

Mahmud Ahmad ibn Ghulam, o segundo Khalifah. Entre suas obras estão: Anwaar al-Khilaafah (Luzes do califado), Tuhfat al-Muluk e Haqiqat al-Nubuwwah (A realidade da missão profética).

A nomeação do Qadiani Zafar-Allah Khan como primeiro ministro das Relações Exteriores do Paquistão teve um efeito importante no apoio a esta seita desviante. Ele lhes deu uma grande área na província de Punjab para ser sua sede mundial, à qual deram o nome de Rabwah (terreno alto) como na ayah (interpretação do significado):“...E abrigamo-los em um outeiro, de solo estável (colina - rabwah) e com água corrente.” [al-Mu’minun 23:50] 

Seu pensamento e suas crenças 

Ghulam Ahmad começou suas atividades como um daa'iyah do Islam (divulgador do Islam – aquele que convida) para que pudesse reunir seguidores ao seu redor. Então, alegou ser um mujaddid inspirado por Allah. Deu mais um passo e alegou ser o esperado Mahdi e o Messias Prometido. Em seguida, alegou ser um profeta e que a sua missão profética era maior do que a de Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). 

Os Qadianis acreditam que Allah jejua, ora, dorme, acorda, escreve, comete erros e tem relações sexuais - exaltado seja Allah muito acima de tudo o que eles dizem. 

O Qadiani acredita que seu deus é inglês, porque ele fala com ele em inglês. 

Os Qadianis acreditam que a profecia não terminou com Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), mas que está em curso, e que Allah envia um mensageiro quando há uma necessidade, e que Ghulam Ahmad é o melhor de todos os Profetas. 

Eles acreditam que Jibril costumava descer até Ghulam Ahmad, que lhe trouxe revelação e que suas inspirações são como o Alcorão.

 Eles dizem que não há nenhum outro Alcorão para além do que o "Messias Prometido" (Ghulam Ahmad) trouxe, e nenhum hadith, exceto os que estão de acordo com seus ensinamentos, e nenhum profeta, exceto sob a liderança de Ghulam Ahmad. 

Eles acreditam que seu livro foi revelado. Seu nome é al-Kitaab al-Mubin e é diferente do Nobre Alcorão. 

Eles acreditam que são seguidores de uma religião nova e independente e de uma Shari'ah independente, e que os amigos de Ghulam são como os Sahabah. 

Eles acreditam que Qadian é como Madinah e Makkah, se não melhor do que estas cidades, e que sua terra é sagrada. É a Qiblah deles e o lugar onde fazem o hajj.

Eles pediram a abolição do jihad e a obediência cega ao governo britânico, porque, como alegaram, os britânicos são "aqueles que têm autoridade", como declarado no Alcorão. 

Na sua opinião todo o muçulmano é um kaafir a menos que se torne um qadiani, e todos os que se casam com um não-qadiani são também kuffar. 

Eles permitem o álcool, o ópio, as drogas e os intoxicantes. 

Raízes intelectuais e ideológicas

O movimento de ocidentalização do senhor Sayyid Ahmad Khan abriu o caminho para o surgimento da Qadianiyyah, porque este já tinha espalhado ideias de desvio.

A Inglaterra havia tomado o máximo partido desta oportunidade para que começassem o movimento Qadiani e escolheu um homem de uma família que tinha um histórico de serem agentes dos colonialistas. 

Em 1953 dC, houve uma revolução popular no Paquistão, que exigiu a remoção de Zafar-Allah Khan do cargo de Ministro das Relações Exteriores, e que a seita qadiani fosse considerada como uma minoria não-muçulmana. Neste levante, cerca de dez mil muçulmanos foram martirizados, e eles conseguiram que o ministro qadiani fosse afastado do cargo. 

Em Rabi’ al-Awwal 1394 AH (Abril de 1974), uma importante conferência foi realizada pela Liga Muçulmana Mundial em Makkah, e teve a participação de representantes de organizações muçulmanas de todo o mundo. Esta conferência anunciou que esta seita é kaafir e está além dos limites do Islam, e disse aos muçulmanos que resistissem a seus perigos e não cooperassem com os qadianis ou enterrassem seus mortos em cemitérios muçulmanos. 

O Majlis al-Ummah no Paquistão (o parlamento central) debateu com o líder qadiani Mirza Naasir Ahmad, e este foi refutado pelo Shaikh Mufti Mahmud (que Allah tenha misericórdia dele). O debate prosseguiu por quase 30 horas, mas Naasir Ahmad foi incapaz de dar respostas e o kufr deste grupo foi exposto, de modo que o Majlis emitiu um comunicado que os qadianis deveriam ser considerados como uma minoria não-muçulmana. 

Entre os fatores que fazem Mirza Ghulam Ahmad obviamente um kaafir são os seguintes: 

Sua afirmação de ser um Profeta. 

Sua abolição do dever de jihad para servir os interesses dos colonialistas. 

Seu dito que as pessoas devem deixar de ir ao Hajj a Makkah, e sua substituição do local de peregrinação para Qadian. 

Seu antropomorfismo ou comparação de Allah aos seres humanos. 

Sua crença na transmigração das almas e encarnação. 

Sua atribuição de um filho a Allah e sua pretensão de ser o filho de Deus. 

Sua negação que a Missão Profética terminou com Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e sua insinuação sobre a porta da Missão Profética de estar aberta a quem quer que seja. 

Os qadianis têm fortes laços com Israel. Israel abriu centros e escolas para eles, e ajudou-os a publicar uma revista que é a sua porta-voz para imprimir livros e publicações para distribuição mundial. 

O fato de que eles são influenciados pelo Judaísmo, Cristianismo e al-Batiniyyah é clara a partir de suas crenças e práticas, mesmo que eles afirmem ser muçulmanos. 

A sua propagação e posições de influência 

A maioria dos Qadianis hoje em dia vive na Índia e no Paquistão, com alguns em Israel e no mundo árabe. Eles estão tentando, com a ajuda dos colonialistas, obter posições de influência em todos os lugares onde vivem. 

Os qadianis são muito ativos na África e em alguns países ocidentais. Na África eles possuem mais de 5.000 professores e dai'yahs trabalhando em tempo integral para chamar as pessoas para a Qadianiyyah. Sua atividade difundida prova que eles têm o apoio dos colonialistas. 

O governo britânico também está apoiando este movimento e facilitando posições em governos no mundo, administrações corporativas e consulados aos seus seguidores. Alguns deles são também oficiais de alta patente dos serviços secretos. 

Ao chamar as pessoas para suas crenças, os qadianis usam todos os tipos de métodos, especialmente os meios educativos, porque eles são altamente educados e dentre eles há muitos cientistas, engenheiros e médicos. Na Grã-Bretanha há um canal de televisão por satélite chamado TV Islâmica, que é gerido pelos qadianis. 

A partir do mencionado acima, é claro que: 

A Qadianiyyah é um grupo desviado, que não faz parte do Islam de todo. Suas crenças são completamente contraditórias ao Islam, por isso os muçulmanos devem tomar cuidado com suas atividades, uma vez que os ulama (estudiosos do Islam) afirmaram que eles são incrédulos. 

Para mais informações consulte: Al-Qadianiyyah por Ihsaan Ilaahi Zahir.

(Nota do Tradutor: este livro está disponível em Inglês, sob o título “Qadiyaniat: um estudo analítico (ananalytical survey)” por Ehsan Elahi Zahir) 

Referência: Al-Mawsu'ah al-Muyassarah fi'l-Adyaan al-Madhaahib wa'l-Ahzaab al-Mu'aasirah pelo Dr. Maani' Hammad al-Juhani, 1/419-423. 

A seguinte declaração foi publicada pelo Conselho Islâmico de Fiqh (Majma'al-Fiqh al-Islami): 

Depois de discutir a questão colocada ao Conselho de Fiqh islâmico em Capetown, África do Sul, a respeito da decisão sobre os qadianis e sua ramificação conhecida como Lahoriyyah, e se eles devem ser considerados como muçulmanos ou não, e se um não-muçulmano é qualificado para examinar uma questão desta natureza: 

À luz da investigação e dos documentos apresentados aos membros do Conselho relativos a Mirza Ghulam Ahmad al-Qadiani, que surgiu na Índia no século passado e a quem são atribuídos os movimentos qadiani e lahori, e depois de haver ponderado sobre as informações apresentadas sobre estes dois grupos, e depois de se confirmar que Mirza Ghulam Ahmad alegou ser um profeta que recebeu revelação, uma reivindicação documentada em seus próprios escritos e discursos, alguns dos quais ele alegou ter recebido como revelação, uma alegação que ele propagou por toda sua vida e pediu que as pessoas acreditassem, assim como é também sabido que ele negou muitas outras coisas que são comprovadamente elementos essenciais da religião do Islam... 

À luz do acima exposto, o Conselho emitiu a seguinte declaração: 

Em primeiro lugar: as reivindicações de Mirza Ghulam Ahmad sobre ele ser um profeta ou um mensageiro e receber revelação são claramente uma rejeição de elementos comprovados e essenciais ao Islam, que inequivocamente afirmam que a profecia terminou com Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e que nenhuma revelação virá a seja quem for depois dele. Esta alegação feita por Mirza Ghulam Ahmad faz dele – e qualquer um que concorde com ele – um apóstata que foi além dos limites do Islam. Quanto à Lahoriyyah, eles são como a Qadianiyyah: a mesma decisão de apostasia se aplica a eles, apesar do fato de que eles descreveram Mirza Ghulam Ahmad como uma sombra e manifestação de nosso Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele). 

Em segundo lugar: não é apropriado que um tribunal ou juiz não-muçulmano decida sobre quem é um muçulmano e quem é um apóstata, especialmente quando isso vai contra o consenso dos estudiosos e organizações da Ummah al-Islamiyyah (nação islâmica). Decisões desta natureza não são aceitáveis, a menos que sejam emitidas por um estudioso muçulmano que conheça todos os requisitos para que alguém seja considerado um muçulmano; que saiba quando uma pessoa pode ter ultrapassado o limite tornando-se uma apóstata; que compreenda as realidades do Islam e do kufr e que tenha um conhecimento abrangente do que é afirmado no Alcorão, Sunnah e consenso acadêmico (dos sábios). A decisão de um tribunal desta natureza será inválida.

E Allah sabe melhor.

Majma' al-Fiqh al-Islami, p.13

A Fonte: Sheikh Muhammed Salih Al-Munajjid